Voltar ao blog

O que é o puerpério e quanto tempo dura?

Mariana Oliveira
27 de junho de 2025
8 Min
Pós-parto
O que é o puerpério e quanto tempo dura?

O que é o puerpério e quanto tempo dura? Guia Pós-Parto Completo

O puerpério, também conhecido como fase de quarentena ou pós-parto, é um período fisiologicamente, emocionalmente e socialmente intenso que se inicia após o nascimento do bebê e se estende até que o corpo da mãe recupere, em grande medida, as condições anteriores à gravidez. Abrange muito mais do que uma recuperação física: envolve o reajuste hormonal, o estabelecimento da amamentação, o vínculo com o recém-nascido e um processo de adaptação psicológica à maternidade.

Quanto tempo dura o puerpério?

Embora popularmente referido como "os 40 dias", a duração real do período pós-parto não é exata ou igual para todas as mulheres. Tradicionalmente, foi dividido em três fases:

  • Puerpério imediato: abrange as primeiras 24 horas após o parto. É uma fase crítica em que os sinais vitais, a contração uterina, a perda de sangue e a primeira mamada do bebê são monitorados se a amamentação for escolhida.
  • Puerpério clínico ou mediato: vai do segundo ao décimo dia aproximadamente. Aqui há uma intensa regressão uterina, diminuição hormonal, aparecimento de lóquios (corrimento vaginal) e adaptação inicial à amamentação.
  • Puerpério tardio: estende-se do dia 10 a 6-8 semanas após o parto, embora algumas funções hormonais, emocionais e sexuais possam levar até 6 meses ou mais para se estabilizar, especialmente se houver amamentação exclusiva.

De acordo com o American College of Obstetricians and Gynecologists (ACOG), o acompanhamento pós-parto não deve se limitar a uma única consulta em 6 semanas, pois o período pós-parto pode durar até um ano em alguns aspectos físicos e mentais.

Mãe com seu bebê durante o período pós-parto em um ambiente tranquilo

O puerpério é uma fase de recuperação integral: corpo, mente e vínculo.

Mudanças físicas durante o período pós-parto

Durante o período pós-parto, o corpo inicia uma recuperação progressiva. Algumas alterações comuns incluem:

  • Involução uterina: O útero retorna ao seu tamanho pré-gestacional. Esse processo pode gerar desconforto semelhante às contrações, chamadas de erradas, principalmente na amamentação.
  • Lóquios: são secreções vaginais que evoluem do vermelho para o marrom e depois para o esbranquiçado. Sua duração normal é de 4 a 6 semanas.
  • Assoalho pélvico enfraquecido: é comum notar vazamento de urina, sensação de peso ou dificuldade em reter gases.
  • Alterações mamárias: Volume, diminuição do leite e, às vezes, congestão ou rachaduras.
  • Constipação e hemorróidas: comuns após o parto vaginal.

Mudanças emocionais e psicológicas

O equilíbrio emocional no período pós-parto pode ser muito vulnerável. Aproximadamente 80% das mães experimentam o que é conhecido como baby blues: um estado de tristeza leve, choro fácil, irritabilidade ou ansiedade, que aparece entre o segundo e o quinto dia e desaparece sem intervenção médica.

No entanto, 10-15% podem desenvolver depressão pós-parto, uma condição mais grave que requer acompanhamento profissional. Em casos menos frequentes, pode ocorrer psicose pós-parto.

De acordo com o Organização Mundial da Saúde, é essencial que os sistemas de saúde incluam o bem-estar mental materno como parte do cuidado pós-parto abrangente.

"O pós-parto não é o fim do trabalho de parto, mas o começo de uma nova vida para a mãe e o bebê."

Quando fazer sexo ou exercício?

Na ausência de complicações, recomenda-se esperar pelo menos 6 semanas para retomar o sexo com penetração, embora o mais importante seja que a mulher se sinta confortável, sem dor e emocionalmente pronta.

Em relação ao exercício, você pode começar com movimentos suaves, como caminhar desde os primeiros dias, se o corpo permitir, mas é ideal iniciar exercícios específicos para o assoalho pélvico e abdômen (como hipopressivos ou Kegels) após uma avaliação profissional.

Check-up pós-parto: uma consulta importante

A consulta de check-up pós-parto, geralmente entre 6 e 8 semanas, é fundamental para:

  • Verifique se há involução uterina
  • Avalie o assoalho pélvico e cicatrizes (episiotomia, cesariana, lágrimas)
  • Falando sobre contracepção e sexualidade
  • Avaliar o estado emocional e o estabelecimento da amamentação

A Sociedade Espanhola de Ginecologia e Obstetrícia (SEGO) destaca que esta visita deve ser adaptada a cada caso e até antecipada se houver sinais de alerta.

É importante procurar atendimento médico se você desenvolver:

  • Febre superior a 38 °C
  • Sangramento intenso (mais de uma compressa por hora)
  • Dor abdominal intensa e persistente
  • Mau cheiro em lóquios
  • Dor ao urinar ou incontinência grave
  • Tristeza profunda, insônia severa ou pensamentos negativos

Nunca hesite em consultar uma parteira ou profissional de saúde se tiver algum sintoma preocupante.


Este artigo não substitui os cuidados médicos

As informações apresentadas são para fins orientativos e educacionais. Se você tiver alguma dúvida ou desconforto durante o período pós-parto, consulte sempre um profissional de saúde qualificado.